Neblina

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Cheira a neblina…
No ar dançam pequenas gotículas de saudade
E dos olhos brotam lágrimas de solidão…
Lá fora, um velhinho, negro, gelado…
O agasalho rasgado de tristeza
O olhar sujo de fome…
(...)
As mãos tesouros antigos
E no peito um almanaque ao longo de quase um século escrito…
(...)
A lareira apagada no abrigo que não tem…
(...)
O calor que não recorda, ou apenas quer recordar
E a neblina que lhe vai lavando o negro rosto…
(...)
Da janela lançam-se olhares
Que se desviam ligeiros…
E o velhinho, na indiferença vai seguindo,
Não vê, não é visto, ignorado!
Com o frio nas vestes guardado
As botas rotas, o boné rasgado,
Escreve no peito mais uma página do almanaque
Aguardando o virar do século…

O mundo de hoje…à minha maneira…C.C.-2011-11-18

Céu Cruz