" SAUDADE "

" SAUDADE "
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recuar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida. (Pablo Neruda)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

De João Morgado

Imagem by Dialektus

…beijando o ventre, descobrimos que existe um mundo desconhecido que ecoa por dentro. E desejamos ardentemente perseguir o eco. Desflorar as rosas vermelhas e beber no cálice o sangue das fronteiras transpostas com a espada. Para descobrir no fim, que não estamos noutro mundo, apenas no que faltava do nosso»
In: Diário dos Infiéis ( João Morgado)

Sou filho do vento....

Imagem by Dialektus

Sou filho do vento, afago-te a alma com as brisas quentes do sul, penteio-te os cabelos com os perfumes do oriente, e banho-te o corpo nas cascatas a poente. Do norte trago-te a saudade fria que te arrepia, num prazer que te estremece, nas cartas plenas de sentires que te descrevo. Esta distância onde me deito, é tão-somente um espaço aberto, que mitigo em cada voo, em cada sopro deste vento. Percorro-te, enleando-me na escultura do teu abraço, na fonte que faz do teu jorro regato, rio e oceano que profundo me acolhe. Agito o teu mar, nele sou barco em constante balanço, vela inflada na tempestade que te desperto, em tumultos que se agigantam nas vagas que te sopro, nas montanhas que te escalo, nos sonhos que construímos juntos, mão sobre a mão, grão sobre grão, na areia branca dessa praia que é a nossa própria ilusão. Nesta rosa-dos-ventos somos exaltação e lamentos, criação e movimentos, que fazem os corpos oscilar ao sabor do teu olhar.


Druida Noite

Conheces a sensação...



Imagem by Dialektus

Conheces a sensação de imersão? Aquele arrepio do contacto do frio com a pele seca? Quero sentir-me mergulhar, ser parte do fluído desse mar que me abraça, nas suas correntes. Marés que me levam e trazem, ondas que me elevam e enrolam fazendo-me vir à tona. E o silêncio? Consegues senti-lo? Aquele vazio de sons ocos que se comprimem na profundidade do oceano, como quem cala e escuta apenas a alma divagar por entre as moléculas da água. Esta é a razão por que quero deixar o corpo afundar-se, sentir a ausência de gravidade, como se flutuasse no espaço exterior, sensação de regresso às estrelas, ao princípio de tudo o que fomos, somos e voltaremos a ser na expulsão dos sentidos, na eclosão da nossa alma noutra dimensão. Gostava de conseguir fazer-te sentir essa sensação de leveza, essa estranheza com que me tocam os teus sentidos ausentes, as mãos, os dedos, a pele que não estando em mim, se sente, entendes o que te quero desenhar? A vontade que tenho de fazer-te arrepiar?

Druida Noite



segunda-feira, 18 de junho de 2012

À DESCOBERTA DO AMOR ...

Imagem Daniel Moreno

Ensaia um sorriso
e oferece-o a quem não teve nenhum.
Agarra um raio de sol
e desprende-o onde houver noite.
Descobre uma nascente
e nela limpa quem vive na lama.
Toma uma lágrima
e pousa-a em quem nunca chorou.
Ganha coragem
e dá-a a quem não sabe lutar.
Inventa a vida
e conta-a a quem nada compreende.
Enche-te de esperança
e vive á sua luz.
Enriquece-te de bondade
e oferece-a a quem não sabe dar.
Vive com amor
e fá-lo conhecer ao Mundo.

Mahatma Gandhi