" SAUDADE "

" SAUDADE "
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recuar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida. (Pablo Neruda)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Acordar...

Imagem by Jaroslav Monchak

Às vezes… Os pensamentos se perdem…
Imploramos… Pedimos, nos desesperamos…
E por fim, nos isolamos, nos sentimos sozinhos…
Então… Eis que surge a reflexão!
E a Vida nos ensina… Que tudo depende de nós!
E que não adianta lamentar…
Aprende-se que é preciso ter leveza diante dos obstáculos…
E que é preciso renascer a cada dia. Pois cada dia é único, especial!
E abrimos, novamente, os braços à Vida…
E descobrimos o quanto tudo é importante na Vida…
Lembranças e emoções! Aprendemos a agradecer…
E buscamos novos horizontes, novos encantos…
Descobrimos o valor das pessoas, descobrimos o nosso valor…
Quando temos consciência, de que nada somos sem a Força Superior…
E que pela Luz Maior, aprendemos que é preciso…:
A-COR-DAR…
Que é dar cor à Vida! Sentir tudo até pelo avesso…
E viver… Não apenas existir!

Autoria
Gênice Suavi

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Saudade de Ti



Não sei o que se passa nas minhas noites...
Não sei se são recordações de outrora...
Memórias de tempos idos, não sei...
Sei apenas que todas as manhãs,
Este fim de semana fiquei com os olhos cravejados de lágrimas...
Uma terrível sensação de não ser dono de mim mesmo
Querer parar de chorar
Lágrimas continuarem a correr em catadupa...
Os olhos, esses, que teimam em fechar
Um ardor que os queima... Saudades
Saudades apenas do que nunca tive
Saudades apenas de quem sempre amei
Saudades de quem agora encontrei
Mas saudades de te ter nos meus braços
Saudade de te amar com coração
Saudades de ter beijar com paixão
Saudades de te amar sem pudores
Saudades de tempos sonhados, relembrados
Vidas passadas que me assolam a memória
Saudades mil agora que te reencontrei
Agora que me reencontro a mim mesmo
Conto os dias, as horas, os minutos
Conto ate os segundos que não avançam
Fixamente, olho o relógio, tortura apenas
Cada batida do meu coração marcada naqueles ponteiros
Ponteiros que me massacram sadicamente
Coração que bate cada vez mais devagar
Pára no tempo ao passo dos ponteiros que não mexem
Coração que chora por ti lagrimas salgadas
Depositadas em lábios sequiosos dos teus beijos ardentes
Relógio que marca o tempo
O teu tempo, o nosso tempo

Saudades a 4 mãos
Carlos Fonseca & Nina M 

domingo, 22 de abril de 2012

É CRUEL DAR ESPERANÇAS AO MORIBUNDO E AO SOLITÁRIO


Imagem de Surrealia

Deixa de me vir cutucar enquanto escrevo.
De me vir importunar com os teus gostos
E me dizer que o que escrevo é tão bonito.
Tu não me conheces, nem um esforço fizeste para me conhecer.
És como a maioria dos que pensam conhecer a vida
Que arranham apenas a superfície das águas de um rio
E se encantam com o brilho frio de um cristal.
Falas de solidão e abandono, mas que sabes?
Que sabes tu de solidão e abandono?
Se tens quem te espere em casa quando regressas ao fim do dia!
Ainda que não te fale, está lá e sente os teus passos, olha os teus gestos, ouve a tua voz lamuriosa.
Que sabes tu da solidão e do abandono?
Se soubesses o que é a solidão enlouquecias.
Chegar a casa todos os dias
E ter apenas paredes nuas, lisas e frias a te abraçar.
Teres apenas os teus ouvidos para escutar o som rumorejantes dos teus próprios passos,
Quadros pendurados nas paredes a seguirem-te com olhos vazios esses teus gestos,
Quadros que pintaste e de quem, um a um, te foste despedindo para comeres,
Como quem come os amigos ou os filhos para viver mais um dia!
Que sabes tu da agonia de anos à espera de um dia diferente?
De encheres uma casa de adornos e sonhos e vê-los a partir enquanto os sonhos envelheceram e morreram contigo nessa eterna solidão herdada por desfeito e embuste?
Que sabes tu do sabor amargo do abandono?
Conheces por acaso o que é o silêncio de palavras que não se dizem nem se escrevem e que se aguardam por anos infinitos?
E os olhos de estranhos que te fitam e perscrutam enquanto caminhas só na noite, errante pelas ruas?
Que sabes tu da solidão e do abandono se nunca estiveste em mim, neste corpo que envelheceu precocemente, que amou sem ser amado que olhou sem ser visto e que um dia foi abandonado para morrer só e triste?
Deixa de me vir cutucar enquanto escrevo.
De me vir importunar com os teus gostos
E de me dizer que o que escrevo é tão bonito.
Tu não me conheces, nunca conheceste nem quiseste conhecer.
Sentiste inveja da pretensa liberdade que em mim imaginaste, ou da luz que depreendes ilumina a minha fronte.
Não é livre quem vive na solidão e no abandono, nenhuma luz me incendeia a fronte.
É escuridão o que me veste e nas minhas mãos mil grilhões me prendem ao vazio dos dias sempre iguais.
Não voltes a cirandar nos meus caminhos,
Se não tens intenção de neles me acompanhar.
É cruel dar esperanças ao moribundo e ao solitário,
A esses não dês nunca falsas esperanças pois é o mesmo que os matar!


Noélia de Santa Rosa