Falo-te com a suavidade da seda
e o perfume de uma flor
Falo-te com o estio na boca
e a saudade nos olhos
Falo-te com a ausência do teu toque
florescendo nas minhas mãos vazias
e sinto-te com a negrura de uma noite sem lua
onde apenas se vê e sente o breu da noite
Falo-te com a distância e a lonjura
servindo-me de mote
Falo-te de uma saudade sem passaporte
decidida e sem destino
Falo-te de um sentimento sem sentido
sem tino
que me consome por dentro
e me transparece por fora
com uma transparência agonizante
que de tão gigante
me acrescenta todos os dias
um pouco mais em mim
e cresce e se agiganta sem ter sequer um fim
Falo-te com a porta entreaberta
que por ti espreita e espera...
Falo-te...mesmo sabendo que não me ouves
mesmo sabendo que não vens
mas ainda assim..falo-te...hoje e sempre
até ao fim...
São Reis
15.mai.2012
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