Estacou como se uma seta o tivesse atingido. Atordoado, teve a percepção de se encontrar numa encruzilhada. Real. À outra , a da vida, já estava habituado.
Apalpou a lonjura de cada bifurcação. Acusava algum cansaço. Nem sequer lhe apetecia ponderar que caminho seguir. Talvez a intuição ou o seu deus menor resolvessem servir de muletas e guindá-lo para um deles.
Tal como o Pinóquio, os seus pés tomaram vida e atalhou o caminho mais plano, ladeado de uns verdes semelhantes a heras, por onde despontavam umas florinhas brancas.
Mal retomou a passada larga, sentiu-se estranhamente calmo e leve. Não caminhava. Sim, caminhava, mas como se fora uma dança, avançando e recuando, volteando.
Era todo um ser a açambarcar sensações de plenitude. De deslumbramento. Reviu-se criança, nos mundos fantásticos que desenhava mentalmente e nos quais se sentia protagonista, sempre na defesa da sua menina, prisioneira de um perigo que se moldava conforme o momento.
Ainda hoje é assim. Protetor. Defensor de almas aflitas, esquecendo-se da sua, sempre na encruzilhada da vida.
Sentou-se num amontoado de heras mais espessas, parecendo-lhe um trono… Deve ter adormecido. E sonhado. E vivido a vida que é e a que queria ter.
Prosseguiu. Não soube ao certo quanto tempo ali permanecera. Sentia, intimamente, que descobrira a chave da porta há muito fechada. Renascera. Riu como há muito o não fazia. E o eco soou ao cântico do seu batizado.
Soube, a partir de então, que seria feliz! Provavelmente sempre o soube. Mas detestava estar a sós consigo mesmo!
Odete Ferreira 22-01-12
sexta-feira, 16 de março de 2012
Insónia
As horas rodopiaram,
Nas tenazes mãos de insónia,
Esmagando meu sonho e quimera,
O sono não se desenhou,
Por entre a escuridão de breu,
Troquei as voltas caninas…
Mais uma… revira-volta ,
Os carneiros não se acendiam,
No tactear das nuvens do céu!
O orvalho desceu mais cedo,
Lavando meu rosto de medo!
Decidi calcanhar a noite,
Nas ruelas e vielas vazias ,
Como sombras incendiadas,
Única claridade em meu ser!
Lá longe… a estrela incerta,
Tão moribunda quanto eu…
Entrei na intima escuridão,
A que temo… que me arrebata,
Como sinos alardes,
Ensurdecendo todos os sentidos,
Não havia luz em passos voados,
Só sombras gemendo medos,
Perguntei à insónia que me vencia,
Porque me prendes em tuas cordas?
Insinuou-se, riu-se das minhas lágrimas…
Me segredou…
Silencia o violino da tua ilusão,
Foste tu que te-me prendeste ,
Martirizando teu coração!
[Creio que adormeci…
Na ilusão desse pensamento]
C.C.
terça-feira, 13 de março de 2012
segunda-feira, 12 de março de 2012
Bons Sonhos.!
Há um maravilhoso mundo onde não precisamos de asas para voar, onde o azul é mais azul, onde os anjos nos
protegem...um mundo chamado sonho, reservado aos que não temem ser chamados "sonhadores": encontramo-nos lá!
Bons sonhos ;)
Escrevo Para Ti
No Espelho do Meu Rosto
O meu querer não tem tamanho
o meu silêncio é surdo e louco
o meu juízo já é poucoe a dor não se conforma
em ser como é...
Ah se eu pudesse apagar
as linhas e os traços
com que me maquilho
reconquistar os meus passos
e buscar de novo o meu trilho
Ah se a ausência fossem palavras
eu seria um livro com mil páginas
cheia de imagens por descobrir
E se sentimento fosse rio
eu me transbordaria ao teu toque
Se beijo matasse
eu queria morrer na tua boca
e descobrir todos os teus cantos
E se olhar fulminasse
não me importaria de morrer contigo
Há alturas que a gente percebe
que não controla mais o que sente
que o coração bate fora do peito
que as mãos não obedecem
e os olhos também não
Há momentos que são eternos
de tão pequenos
e valem por aquilo que são
e há momentos que de tão eternos
que os queremos
simplesmente morrem na nossa mão
São Reis
Canto Noturno
Mel e medo
Sou avesso
Orla e rumo
Meu destino.
Chuva e outono
Com a morte
Brilho e flor
Com a vida.
O que fiz
O que ardi
O que sei
O que sou:
Um incêndio
Que se apaga
Uma canção
Que se acaba.
Stefan George*
Sou avesso
Orla e rumo
Meu destino.
Chuva e outono
Com a morte
Brilho e flor
Com a vida.
O que fiz
O que ardi
O que sei
O que sou:
Um incêndio
Que se apaga
Uma canção
Que se acaba.
Stefan George*
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